Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico
Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), foi
um médiume um dos mais importantes divulgadores do espiritismo no Brasil. O seu
nome de batismo Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu
nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo
que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966,
quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.
Nascido no seio de uma família humilde, era filho de João
Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus,
uma dona de casa católica.[carece de fontes] Segundo biógrafos, a mediunidade
de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade,
quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora
sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.
O contato
com a doutrina espírita
Em 1927,então com dezessete anos de idade, Francisco perdeu
a madrasta Cidália e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser
causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo,
Francisco iniciou-se no estudo do espiritismo.
No mês de maio desse mesmo ano, recebeu nova mensagem de sua
mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das obras de Allan Kardec e o
cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz
Gonzaga, em um simples barracão de madeira de propriedade de seu irmão. Em julho,
por orientação dos espíritos seus mentores, iniciou-se na prática da
psicografia, escrevendo dezessete páginas. Nos quatro anos subsequentes,
aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro Parnaso de
Além-Túmulo, ela somente tenha ganho maior clareza em finais de 1931.
Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se
diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em 1928,
começou a publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O
Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal.
As primeiras
obras
Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra
Parnaso de Além-Túmulo. Esse ano, que marca a "maioridade" do médium,
é o ano do encontro com seu mentor espiritual Emmanuel, "...à sombra de
uma árvore, na beira de uma represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor
informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros e
explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: "disciplina, disciplina
e disciplina".
Severo e exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a
Jesus e a Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais
tarde, o médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publio
Lêntulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo
e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta Manuel da Nóbrega,
ligado à evangelização do Brasil.
Em 1932, foi publicado o Parnaso de Além-Túmulo pela
Federação Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea de poesias ditadas por
espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto
à imprensa e à opinião pública brasileira e causou espécie entre os literatos
brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de
pastiche. O impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por
um "modesto escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que
mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a
não responder aos críticos.
Os direitos autorais das suas obras são concedidos à FEB.
Nesse período, inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas.
Ainda nesse período, descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema
que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos seus mentores, Emmanuel e
Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da medicina
humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos.
Continuou com o seu emprego de escriturário e a exercer as
suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com
receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. Paralelamente, iniciou
uma longa série de recusas de presentes e distinções, que perdurará por toda a
vida, como por exemplo a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em
testamento, repassada pelo médium à FEB.
Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que
tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que
inimigos espirituais buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações.
Souto Maior relata uma tentativa de "linchamento pelos espíritos",
bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira.
Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada "prova",
comum em histórias de santidade.
Falecimento
“'Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.'”
— Chico Xavier
O médium faleceu aos 92 anos de idade, em decorrência de
parada cardiorrespiratória, no dia 30 de junho do ano de 2002, mesmo dia da
morte de Chacrinha.[13] Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico
teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estivessem
muito felizes e em que o país estivesse em festa, por isso ninguém ficaria
triste com seu passamento. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de
futebol daquele ano no dia de seu falecimento (Chico morreu cerca de dez horas
após a partida Brasil x Alemanha).
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